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segunda-feira, 11 de abril de 2011

DITÃO ZAGUEIRO LIMPA ÁREA!!!

Ditão, o zagueiro limpa área

Ditão (Foto) disputa com Pelé num clássico Corinthians e Santos

Zagueiro sem velocidade perdeu espaço no futebol moderno
, contrastando com “beques” lentos do passado, cuja condição essencial era a boa compleição física. Outras décadas, a "treinadorzada" priorizava zagueiros com caixa torácica avantajada, porque o uso do corpo no contato físico era tido como imprescindível na tentativa de evitar o drible.

Nesse contexto estava Ditão (já falecido), que marcou época na Portuguesa e Corinthians na década de 60. Geraldo de Freitas Nascimento, cujo nome nada tinha a ver com o apelido, nascido em 10 de março de 1938, integrava uma família de atletas. Seu irmão Gilberto de Freitas Nascimento, também apelidado de Ditão, igualmente jogou na zaga central, no Flamengo.

Outro boleiro da família foi Flávio, zagueiro de poucos recursos que não prosperou na carreira jogando pelo Bragantino (SP). Adílson – já falecido -, único dos irmãos a enveredar para o basquete, fez sucesso no Corinthians e Seleção Brasileira.

Ditão foi o típico zagueiro limpa área
. Era um brutamonte de tronco largo e pernas finas que ganhava a maioria das jogadas com o uso do corpo, sem violência. Jamais foi expulso de campo ao longo da carreira iniciada na Portuguesa, período em que atuou ao lado de Félix, Jair da Costa e Servilio, em 1962. Também valia-se da boa estatura e posicionamento.

Transferiu-se ao Corinthians juntamente com o meia Nair em 1966, e formou dupla de zaga com Luís Carlos durante quatro anos.

No primeiro ano de Timão jogou com Heitor, Jair Marinho, Dino Sani, Édson Cegonha, Mané Garrincha, Nair e Flávio, entre outros. Em 1969, no jogo em que o Corinthians venceu o Cruzeiro por 2 a 0, foi despachar a bola que, involuntariamente, atingiu o rosto de Tostão. Houve deslocamento da retina do olho do cruzeirense, que, anos depois, teve que abandonar o futebol.

Ditão era um jogador mudo. Só soltava o vozeirão na roda de amigos, na cerveja. Era mulherengo, porém tímido. Certa ocasião, após jogo do combinado paulista de veteranos, um amigo o sacaneou numa bem arquitetada brincadeira, ao combinar com uma amiga para que flertasse o zagueiro. E quando ela avançou na investida e Ditão projetou que pudesse conquistá-la, ela sacou o revólver e mirou na direção dele, que tremeu na base, enquanto os amigos "caíram" na gargalhada.

Numa época em que raras vezes um zagueiro ultrapassava o meio de campo, Ditão se projetava na área adversária em cobranças de escanteios, a partir dos 35 minutos do segundo tempo, para tentar o gol de cabeça. De vez em quando decidia partidas, como em 1968 na virada sobre o Palmeiras por 2 a 1.

Com a chegada de Baldocchi ao Corinthians em 1971
foi para a reserva. Desanimado, deixou a bola. E em 1994, divorciado e vivendo sozinho, morreu em Guarulhos, vítima de ataque cardíaco quando estava no banheiro.

Reminiscência - Por Ariovaldo Izac
Jornalista esportivo há 22 anos. Trabalhou, como jornalista, nas emissoras de Rádio Brasil, Educadora, Central, Jequitibá e Capital (São Paulo). Nos jornais: Diário do Povo e Jornal de Domingo, ambos de Campinas. Atualmente é Editor de Economia e Opinião do Jornal Todo Dia, de Americana