Romário é 11: "É bom saber que estou incomodando"
- Baxinho dá entrevista exclusiva ao LANCENET! e encerra série no dia 11/11/11 mostrando nova faceta de 'carrapato'
Os grandes momentos da carreira do Baixinho (Arte: Anderson Sá)
Romário nunca foi de marcar. Como atacante genial que foi, tinha a grande área adversária como território preferido. Os mais de mil gols na carreira foram consequência. Agora aposentado dos gramados e engatinhando na carreira política, o Baixinho mudou. Virou carrapato. Que o digam o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Nesta entrevista exclusiva ao LANCENET!, que é o encerramento da série "Romário é 11", nosso personagem mostra que está gostando de fazer essa marcação firme nos cartolas, critica a tabela da Copa-2014 e fala sobre aventuras no futebol do exterior.
1- Como começou sua relação com a camisa 11?
- Não tem uma data, nem uma história específica com a 11. Comecei a usar o número no Olaria, mas variava. Usava também a 7, 9 e no Barcelona usei a 10. Foi o único clube que usei esse número. Mas o 11 ficou mais forte na minha vida com aqueles gols em 1993 pela Seleção, no Maracanã, pelas Eliminatórias. Não tenho o 11 como um número da sorte. Mas sempre gostei dele.
2 - A 11 da Seleção está nas costas de Neymar, está bem representada?
- Está em boas mãos. Neymar tem tudo para ser melhor do mundo. As qualidades que mais destaco: destemido e corajoso. Não se intimida com zagueiro.
3 - O que você achou dessa história de "Romarian Day"?
- O pessoal do Facebook veio com essa ideia aí e eu achei bacana. É fictício, mas são legais esse eventos aí.
(Nota da redação: internautas lançaram um evento para 11/11/11, com direito a workshop de língua presa e campeonato de futevôlei)
4 - Falando em Seleção, o que achou do fato de a tabela da Copa colocar o Brasil no Maracanã só em caso de final?
- Tirar a Seleção do Maracanã é uma imbecilidade. Por mais que o estádio não tenha mais aquela mística, já que ele tá todo quebrado. Mas isso não é novidade vir de quem veio. Já falei isso várias vezes: só querem vir aqui, pegar o lucro deles e ir embora. O secretário-geral Jérôme Valcke disse que “Romário não vai vencer a Fifa”. Eu não tenho nada a disputar com a Fifa. Mas ao citar meu nome ele mostra que estou incomodando. É bom saber que estou incomodando. Fico mais motivado. Quero brigar ainda mais.
5 - Foi boa a escolha de São Paulo para abertura?
- Falei lá atrás e não fui bem compreendido pelos paulistas. Falei que não era porque São Paulo não tinha nada. Agora vi algumas coisas, na visita de segunda-feira passada. No Powerpoint é fantástico e, pessoalmente, vi que é diferente da realidade. Governo e Prefeitura disseram que entregarão o estádio e tudo o que se refere à mobilidade urbana em tempo de receber a Copa. Se o que eles falaram for verdade, eu vou dizer que São Paulo tem condições de abrir a Copa.
6 - E sobre a vinda do jornalista Andrew Jennings ao Brasil?
- Espero que a repercussão aumente. São repercussões como essas que farão com que o povo saiba dos fatos que ocorrem. Brasileiros que vão para fora para fazer falcatruas em nome do futebol do país.
7 - Como é sua relação com o Aldo Rebelo, novo ministro do Esporte? Acha que foi uma boa escolha para a pasta?
- O Aldo Rebelo é um dos deputados mais conhecedores da política do Brasil. É muito respeitado. Relatou o código Florestal e o texto passou pela Câmara. É muito inteligente. Tem conhecimento amplo e não poderia ter sido melhor a escolha da presidente Dilma. Nosso esporte está em boas mãos.
8 - Você se arrepende de ter jogado em algum clube, no Valencia por exemplo, em que você chegou a ser reserva?
- Sempre fui para onde quis ir. Onde joguei, sempre vesti a camisa com honra. Valencia, Sadd e Adelaide não me saí muito bem, mas não me arrependo. No Valencia, tive problema com os técnicos Aragonés e Ranieri. Eles queriam que voltasse para marcar, correr para c... mas nunca fui de correr para trás. Só corria para frente. E eles queriam que eu treinasse todo dia de manhã, muito cedo. Era f... Não dava nem tempo de sair, aproveitar. Sempre gostei da noite. Por onde passei sempre fui conhecedor da noite. Ranieri me tirou do time depois que me perguntou se eu faria o que ele queria. Falei que não. Me tirou. Voltei para o Fla.
9 - Acha que jogadores como você, Edmundo e Túlio, que não tem um discurso politicamente correto fazem falta para o futebol brasileiro?
- Eu não me vejo numa comparação com o Túlio ou o Edmundo. Não estou dizendo que sou mais ou menos. Somos diferentes. A minha forma de colocar as coisas é com convicção e certeza. Eu não conheço eles a fundo para saber. Assumo o que eu falo mesmo que possa ter repercussão negativa. Em relação ao futebol de hoje, depois que eu parei não vejo um jogador de futebol com essa coragem de falar como eu sempre tive.
10 - Ronaldo revelou mais um caso polêmico seu recentemente, que vocês fugiram da concentração em uma Copa América. Como foi essa história?
- Isso não é polêmica. Realmente fugimos, só que a história não é exatamente a que ele contou. Um dia ele vai ter coragem de contar. Ele que começou, ele acaba. Mulher no meio é f...
11 - Teve alguma coisa que faltou na sua carreira?
- Na minha profissão, nunca se consegue conquistar tudo. Deixei de ir em duas Copas e duas Olimpíadas. Foram os pontos negativos. Perdi duas finais de clubes e uma de Copa do Brasil. Apesar de ter ganho muito mais, o ideal teria ter participado desses torneios que fiquei fora. Mas sou feliz por tudo o que consegui.
A série "ROMÁRIO É 11":
1> Artilheiro dos mais de mil gols na carreira
2> As onze camisas de Romário em mais de duas décadas
3> As grandes polêmicas de um Baixinho
4> Os parceiros marcantes de Romário
5> Língua afiada de um frasista renomado
6> As maiores vítimas de um artilheiro
7> Técnicos que marcaram a carreira
8> Títulos importantes do Baixinho
9> Nem só de conquistas vive o craque
10> A imagem do Baixinho por onde passou
11> "É bom saber que estou incomodando"
Érika Romão, Igor Siqueira e Luiz Signor
Publicada em 11/11/2011 às 11:11
Rio de Janeiro (RJ)
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